O homem e suas concepções sobre Deus

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Por Luis Sergio Conterato


Meu ignoto leitor, os homens em suas pretensas sapiciência conceberam alguns pensamentos acerca de Deus. Outros afirmaram de forma contundente que Deus não existe, e até procuraram provas e argumentos cabíveis para decretarem a não existência de Deus, mas isso não ocorreu, não acharam argumentos ou provas com embasamento. Entretanto comentar o que Deus disse e fez já é tarefa difícil, porém dificílimo é dizer quem é Deus.

O próprio escritor Francês Voltaire, apesar de ter passado para a história como ateu e perseguidor do evangelho, escreveu certa vez em uma de suas cartas ao imperador da Prússia, Frederico II: “A razão me diz que Deus existe, mas também me diz que nunca poderemos saber quem é”.

Ainda o famoso “ateu” Voltaire disse no capítulo 2 de seu tratado de metafísica: “Vejo-me forçado a confessar que há um Ser que existe necessariamente por si mesmo desde toda a eternidade, e que é origem de todos os demais seres.”
Ainda tem mais, rs... No mesmo livro, declarou: “Todas as coisas da Natureza, desde a estrela mais distante até um fino talo de grama, devem estar submetidos a uma Força que os movimenta e lhes dá vida.”

Você deve conhecer a história de Nietzsche, concebeu algumas coisas sobre Deus, em seus livros; Assim Falou Zaratustra e A Gaia Ciência – A declaração: Deus está morto, veio desse infeliz homem. Ele passou o final da sua vida com o peso de imensos remorsos, sofrendo constantes crises de desespero. A inteligência que tanto blasfemara contra Deus mergulhou nas trevas da loucura. Por quê?

Poderíamos fazer uma exposição extensa, evidenciando vários homens que falaram a respeito de Deus, mas no momento presente esse não é o meu objetivo, entretanto quero explicitar um pensamento importantíssimo. Senão vejamos:

Tudo que o homem pode comentar de bom sobre Deus é o que Deus é realmente, mas não o que ele é plenamente. Nas minhas freqüentes leituras, deparo-me com autores falando sobre Deus, como se estivessem falando sobre o funcionamento de um aparelho qualquer, outros explicam-no como se estivessem explicando como formata um texto dentro dos padrões da ABNT, ou seja, explicações simples e extremamente claras, esses pensam já ter exaurido Deus.

Concluo esse texto com o famoso teólogo escolástico, Tomás de Aquino, foi o homem que até hoje mais escreveu sobre Deus, mas depois de uma experiência transcendental ele nunca mais escreveu nada sobre Deus. Interrogado pelo seu silêncio ele disse: “Tudo o que escrevi é palha.”

A igreja precisa de líderes intelectuais

Por Vitor Pereira

O período histórico em que a Igreja Cristã se mostrou mais saudável, sem dúvidas, foi o período registrado no livro de Atos e, justamente por isso, é desse período que devemos buscar o modelo de Igreja mais apropriado. Mas ao compararmos as práticas dessa Igreja de 2000 anos atrás com a Igreja contemporânea, a diferença é gritante. A Igreja se preocupa muito no porquê de não alcançarmos os mesmos resultados da Igreja de Atos, mas nossa preocupação deveria ser menos em atingir os mesmos resultados da Igreja de Atos e mais com o modelo de Igreja que agrada a Deus, o modelo que Atos nos ensina. Não devemos focar nossa atenção no fim, mas sim no meio.

Os capítulos 17, 18 e 19 do livro de Atos revelam um principio declaradamente ignorado nos nossos dias – a importância de liderança intelectual na Igreja. O grande responsável pela expansão do Cristianismo naqueles dias, o Apóstolo Paulo era uma referência não só espiritual, mas também intelectual. Enquanto nós tendemos a mistificar por demais a pregação das boas novas, vemos que Paulo usava de toda sua habilidade intelectual para, literalmente, persuadir as pessoas a crerem em Jesus Cristo (At 17.4). Porque não deveríamos fazer o mesmo?

Paulo era um homem altamente intelectual que não perdia uma oportunidade de arrazoar com os gentios acerca das Escrituras (At 17.1) ou de enfrentar com argumentos, os filósofos da época (At 17.18), inclusive citando poetas pagãos por pelo menos três vezes em seus escritos (At 17.28, 1Co15.33, Tt 1.12) e ainda ensinando na Escola de Filosofia de Tirano (At 19.9). Outro que merece menção por sua habilidade de persuasão e oratória é Apolo que usava de suas habilidades naturais para convencer os judeus, por meio das Escrituras, que o Cristo é Jesus (At 18.28). Em cinco ocasiões, apenas nesses três capítulos de Atos, são usadas as palavras persuadir (At 17.4, 18.4, 19.8), convencer (At 18.28) e arrazoar (At 17.2). Tais palavras se referem essencialmente ao uso do intelecto.

É notória a diferença entre como a Igreja de Atos encarava a importância do intelecto e como nós hoje a encaramos. Hoje, talvez a maioria dos pastores não tenha sequer treinamento teológico. Filosófico então nem se fala. Por isso a Igreja é presa fácil para a influência do pensamento secular. Enquanto os futuros líderes e influenciadores dos valores da nação, sejam estes advogados, psicólogos, cientistas, médicos, filósofos estudam no mínimo quatro anos para tirar um diploma de bacharel. Nossos pastores desprezam o valor do estudo em seus ministérios, muitos nem sequer buscam instrução teológica, quanto mais de qualquer outra ciência.

Qual cristão é citado como fonte de informação quando se trata de história, filosofia, psicologia, sociologia ou política? A Igreja nunca vai influenciar positivamente a cultura enquanto desprezar o valor pensamento, que é o que realmente move a cultura. O sociólogo John G. Gager apontou que apesar de a Igreja primitiva ter sido um movimento minoritário que enfrentou o desprezo e marginalização cultural e intelectual, ela só manteve a unidade interna e o testemunho corajoso por causa do papel dos intelectuais e apologistas Cristãos da época. A Igreja sabia quem eram seus intelectuais e apologistas e isso dava confiança e força para eles enfrentaram a marginalização pelo resto da sociedade.

Hoje, a situação não é diferente, a Igreja Evangélica é ridicularizada pela sociedade, mas com a triste diferença que não temos uma liderança intelectual para nos apoiar. Se quisermos vencer devemos nos preparar para a batalha. Uma batalha que não é travada nas ruas, mas sim nas Universidades do país de onde saem os futuros lideres da nação. Enquanto o pensamento for reduto de Satanás, fica fácil de saber quem se sairá vencedor.


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Fonte: Apologia do Cristianismo

Razão e Fé: Uma análise introdutória

Por Luis Sergio Conterato

Razão e fé é um assunto extremamente importante para que entendamos o limite da razão e o contexto da fé, alguns pensadores afirmam categoricamente que o cristianismo esta desprovido de razão, ou seja, não é preciso pensar, raciocinar, mas somente aceitar.

De modo a iniciar esse assunto deixa-me fazer uma retrospectiva com o escopo de analisar o início da filosofia e salientar a patrística, que propõe esse assunto, de modo que os pensadores desse período queriam conciliar – fé e razão.

Uma das razões por que Tales é considerado o pai da filosofia ocidental é que ele se distanciou da mitologia e poesia tradicionais (Sproul,2002,pág. 17).Eu discordo nesse ponto com o R. C. Sproul quando ele caracteriza Tales de mileto como pai da filosofia ocidental, afirmando que ele se distanciou da mitologia, pois Tales afirmou que tudo esta cheio de deuses, lançando mão da mitologia, o período pré-socrático ainda esta com pensamentos racionais mesclado com a mitologia, era de fato um problema mítico-teológico.

A filosofia tem início propriamente dito com Sócrates, não desmerecendo o período ora citado, pois os filósofos que antecederam a Socráticos, falaram de assuntos importantes, tais como: a realidade básica. Sócrates se distanciou da mitologia, e construiu pensamentos racionais, obviamente a maioria conhece a história desse filósofo da filosofia grega clássica. Passando o período da filosofia antiga, chegamos na patrística e é esse momento que nos importa no presente texto. A filosofia patrística começa no século I e vai até ao século VII, os pensadores dessa época procuraram mecanismos para encontrar justificativas racionais para as verdades reveladas, ou seja, conciliar razão e fé. O cristianismo introduziu pensamentos que desafiam a razão como, por exemplo, o da Trindade, e isso causou um certo desconforto na mente de alguns que queriam racionalizar os dogmas da igreja, onde cabia a fé, era inserido a razão, quando digo razão, é com o escopo de proporcionar compreensão dos mistérios de Deus.

O tema que salta da filosofia patrística é exatamente o de mostrar a possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé, dentro desse contexto havia pensamentos diferentes, cada um com sua especificidade, senão vejamos:

1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo).

2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para compreender”).

3. Os que julgavam razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

O principal representante desse período foi Aurélio Agostinho que nasceu 13 de novembro de 354 D.C. Agostinho retomou o pensamento platônico, realizando algumas adaptações, utilizando a dicotomia entre mundo sensível e mundo das idéias, afirmando que as idéias estão na mente de Deus, como modelos exemplares a partir das quais ele cria as coisas.

Nos dias hodiernos o espírito do anti-intelectualismo é corrente, multiplicam-se os pragmatistas, entretanto não podemos aposentar a nossa cabeça, precisamos mais do que nunca exercitar a nossa criticidade.Em outro momento vou discorrer mais sobre esse assunto, pois o julgo de suma importância para os cristãos e também para aqueles que querem racionalizar o cristianismo.

Concluo esse texto com a frase do Dr. John Mackay: A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é paralisia de toda ação.