Seminário para formar pastores ou teólogos?

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Por Lourenço Stelio Rega

A discussão superada na década de 90 está voltando. Sem dúvida entendo ser uma questão importante, mas também precisamos considerar alguns detalhes.

(1) Depois de mais de 32 anos de ministério – tanto na igreja local, quanto na educação teológica (neste caso quase 34 anos) como na vida denominacional – tenho aprendido que não adianta nada conhecermos bem Teologia e exegese se não pudermos atender o povo, as ovelhas;

(2) Mas tenho aprendido também que, para atender às ovelhas, precisamos de conteúdo – conhecimento teológico, bíblico, psicológico, sociológico, filosófico, etc – senão o ministro não vai conseguir ter fundamentos para fazer com qualidade o que for preciso. Será preciso também interpretar a cultura e ideologia deste mundo para poder preparar as ovelhas a sobreviver na vida cotidiana como verdadeiras testemunhas em palavra e vida transformada;

(3) Em outras palavras, aprendi que esta questão é como os dois trilhos da estrada de ferro, onde um pára, a viagem pára;

(4) Enfim, precisamos aprender que teoria e prática andam juntas. Precisamos formar líderes que sejam líderes na prática, mas que também pensem teológica e biblicamente;

(5) Aqui seguem, para os dois lados, alguns ditados sobre o assunto:


«A teoria sem a prática é utopia, a prática sem a teoria é rotina.»

«A teoria sem a prática é estéril e mero jogo intelectual, mas a prática sem a teoria é cega e ingênua.»

«A teoria sem a prática é ideologia; a prática sem a teoria é empirismo cego.»

«A teoria sem a prática vira “verbalismo”, assim como a prática sem teoria, vira ativismo. No entanto, quando se une a prática com a teoria tem-se a práxis, a ação criadora e modificadora da realidade.» (Paulo Freire)


Educação integral: na Teológica de São Paulo, o assunto sobre “formar pastores ou teólogos” vai mais longe, pois entendemos que não há como fazer educação teológica sem que o modelo seja o da formação integral. O modelo que adotamos de educação integral começou a ser efetivamente implantado no final da década de 90 e tem pressupostos calcados na teologia bíblica que se expressam no ideário de Lausanne I (1974), que considera a missão integral, mas também o evangelho todo para o homem todo, isto é integral. Assim, o nosso sistema educacional trabalha com o conhecimento e sua construção pelo aluno (SABER/REFLETIR), pela formação ministerial prática (FAZER), pelo preparo da vida emocional do aluno para que tenha condições ideais no exercício ministerial (SENTIR – um líder equilibrado terá condições de enfrentar os espinhos de sua atividade ministerial), pelo preparo do aluno para o relacionamento humano (CONVIVER – parte fundamental no exercício do ministério). Além de tudo isso, consideramos que a integridade do caráter (SER) do aluno é componente prioritário, pois líder deve ser modelo de vida, antes de se entregar à liderança do povo. Com isso, descobrimos que a sala de aula deixou de ser o lugar único e privilegiado de ensino-aprendizagem – até os guichês de atendimento se tornaram “sala de aula” –, de modo que isso requereu a capacitação não apenas de professores, mas também dos funcionários para a concretização deste modelo de educação.

Faculdade Teológica forma pastor ou teólogo? Será preciso entender que nenhum seminário ou faculdade teológica forma teólogo, nem pastor. Aliás, há muito bacharel em teologia que se auto-denomina teólogo. Teólogo é quem escreve, pensa e vive teologia, reflete sobre a sua aplicação no mundo e na vivência da igreja. Pastor é um dom/função, que necessita da formação como instrumento para seu ministério. O curso será útil para dar ferramentas para o teólogo ou para o ministro. No caso da Teológica de São Paulo precisamos ainda lembrar que para se formar na graduação, o aluno tem de cumprir 300 horas de estágios práticos. Me admira muito que ainda tenho ouvido pessoas que falam que nossa Faculdade é só acadêmica!

Os mestres e doutores ainda são crentes? No começo do semestre passado eu e o Pr. Alberto Kenji Yamabuchi estávamos na sede da Convenção Batista Brasileira no Rio de Janeiro participando de uma reunião do Centro de Altos Estudos da CBB e eu lhe lembrei que há poucas horas ele havia deixado de ser crente, piedoso, homem de oração, consagrado e passara a ser incrédulo, impenitente, secularista e profano. Ele me olhou assustado e negou tudo isso e me perguntou por que eu havia dito tudo aquilo. Eu expliquei que, no dia anterior, ele conquistara o seu grau de Doutor em Ciências da Religião (na banca de arguição estávamos em dois batistas – eu e o Silas Molochenco) e o pior é que ele foi aprovado com louvor, assim ele se tornara mesmo incrédulo e profano (??), pelo menos na conceituação que já ouvi de alguns colegas que acreditam que assim que conquistamos nosso grau de mestre ou doutor nos tornamos tudo aquilo. Concordo de fato que há alguns (poucos) casos que coincidem com esse diagnóstico, mas a grande maioria de mestres e doutores em nossos seminários não tiveram essa experiência de desespiritualização da vida cristã. Aqui na Teológica nossos mestres e doutores continuam crentes, crêem na e pregam a Bíblia, continuam espirituais e piedosos. Na minha vida tenho vivido esta experiência, confesso que a minha dependência a Deus está a cada dia mais aprofundada, o temor a Deus sempre em destaque e a convicção de minha vocação ministerial mais refinada e focalizada. Me lembro que um líder uma vez me disse que eu tinha de parar de falar que a nossa Teológica tinha tantos mestres e doutores, pois os pastores estavam ficando incomodados com aquilo. Confesso que duvido disso, pois o que tenho visto é que colegas se sentem gratificados em que nossos professores estejam conquistando estes degraus e continuam firmes na fé.

A igreja também precisa de teólogos? Tendo em vista nossas raízes ligadas na outra América, herdamos o foco de pragmatizarmos o ministério e a vida da igreja, acreditando que a igreja é o reino de Deus e, pior ainda, acreditando que o Cristianismo se resume em atividades eclesiásticas. Creio que essa seja a principal causa de se levantar a questão “formar pastores ou teólogos?” Como já expliquei no começo do artigo, não há como formar pastores ou ministros sem dar-lhe conteúdo teológico. É como ensinar um médico a aplicar injeção, sem dar-lhe o conteúdo (medicamento que vai na seringa). Por outro lado, a igreja, que tem sido transformada num fim em si mesma, parece-me que tem se tornado num gueto de fim de semana ou um instrumento “fabril” de manufaturar convertidos. Mas Jesus nos deixou a missão de sermos sal da terra e luz do mundo, portanto a igreja (como instituição e como membrezia) precisa ser expressiva em seu entorno, como os cristãos primitivos que onde passavam “transtornavam” o ambiente não apenas com a pregação (kerygma), mas com a sua comunhão (koinonia) manifesta e a vida de seus membros (matyreo – testemunhas de vida e não apenas de pregação ou palavra). Uma boa parte das igrejas já não cumprem mais este papel. Como ser sal da terra e luz do mundo sem compreender o próprio mundo, o espírito de época, as forças ideológicas que governam as pessoas e o mundo? Aqui entra o papel dos teólogos – interpretar o mundo à luz da Palavra de Deus e encontrar respostas para que as igrejas possam ser como que a “encarnação” de Cristo em seu entorno. Mas o que tem acontecido com os teólogos? Ou eles estão isolados nos seminários ou entrincheirados. Os primeiros descobriram que seu discurso não tem efeito nas igrejas, então, preferiam se “isolar no mosteiro” e o seu relacionamento mais forte acaba sendo no meio editorial. O segundo grupo (os da trincheira), acabam se amargurando pela rejeição que sofrem dos líderes-práticos, que acabam se tornando críticos-ácidos contra as igrejas e denominação. Se entrincheiraram transformando seu ministério-magisterial numa ação belicosa.

Precisamos conquistar os primeiros para que possam servir às igrejas e orar pelos segundos para que revejam suas prioridades e estratégias. Recentemente os pastores de São Paulo precisaram se manifestar sobre a homofobia e o infanticídio indígena. Nos pediram socorro e pudemos produzir manifestos que foram publicados e encaminhado às autoridades. São os teólogos à serviço da igreja, dando-lhe suporte para reagir a este mundo sem Deus.

Enfim, em vez de considerar componentes antagônicos ou nutrir preconceitos, desafio você a repensar a pergunta inicial considerando o que aqui foi possível propor. Um abraço a todos – pastores e teólogos.


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Lourenço Stelio Rega é Mestre em Teologia, Mestre em Educação, Doutor em Ciências da Religião e diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

Fonte: Apologia do Cristianismo

A Bíblia segundo a perspectiva da razão

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Por Luis Sergio Conterato


Tenho por escopo fazer uma sucinta análise da Bíblia de uma perspectiva caracterizada como razão. Pois tenho visto que muitas pessoas têm denominado a Bíblia como um livro não-racional e negando a sua autenticidade.

A Bíblia é um livro racional e a sua autenticidade é fundamentada na infalibilidade e inerrância. O racionalismo se opõe vorazmente contra a autenticidade, infalibilidade e a autoridade da Bíblia. O ateísmo, assim como o racionalismo, jamais poderá ofuscar a autenticidade das Escrituras.


Como escreveu Bernard Ramm: “Por mais de mil vezes badalaram os sinos, anunciando a morte da bíblia, formou-se o cortejo fúnebre. Mas por alguma maneira o cadáver nunca permaneceu sepultado.”


Cleland B. Mcafee escreveu: “Se todas as Bíblias de uma cidade grande fossem destruídas, seria possível restaurar o livro em suas partes essenciais, a partir das citações dele feitas existentes nos livros da biblioteca pública municipal.”


A Bíblia foi escrita durante um período de 16 séculos, durante mais de 40 gerações. Escrito por cerca de 40 autores, esses exerciam na sociedade diferentes atividades, tais como: Estudiosos, estadistas, pescadores, filósofos etc. Ela também foi escrita em diversas condições, na cidade, nas ilhas como João escreveu (Ap 1.9), nas prisões como Paulo escreveu (Fm 1.1). Escrita em três continentes, quais sejam: Ásia, África e Europa e em três idiomas; Hebraico, aramaico e grego.


Essa pequena exposição é segundo a razão, não preciso de fé para saber isso, pois isso é racional, a história aponta esses acontecimentos, com isso, caro leitor, quero mostra-lhe a harmonia e a unidade da Bíblia, pois,diante das circunstância que ela foi escrita ela apresenta um só sistema de doutrinas, uma só mensagem de amor, um só meio de salvação.


Os ateus e os pretensos intelectuais ao decretarem a morte da bíblia falharam, não conseguiram reunir argumentos plausíveis para caracterizarem a bíblia como um livro falho, desprovido de verdade.


A Bíblia é um livro racional – PALAVRA DE DEUS.


Meu ignoto leitor talvez você não esta convencido que a Bíblia é um livro racional e é a Palavra de Deus, pois bem, faça o seguinte; reúna 40 homens que exercem atividades diferentes na sociedade, de três continentes, que falam idiomas diferentes, e peça-lhes para que escrevam um pequeno livro, concluído o trabalho reúna-os e mostre-nos a harmonia e unidade dos escritos.


Crer é também pensar!

Razão e fé: Dois caminhos para Deus

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Por Luis Sergio Conterato

Razão e a fé foi um tema debatido no transcorrer da história e ainda o é, uns afirmam que existe uma conciliação entre esses dois pontos, outros categoricamente repudiam essa conciliação. Não obstante, a razão e a fé conduzem o homem ao conhecimento da existência de Deus, senão vejamos;

O homem é um ser pensante, pois Deus o fez à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar. Deixe-me fazer uma análise segundo a psicologia (As bases biológicas do comportamento), a informação quando recebida passa pelos neurônios, ou seja, ela chega aos dendritos, que a conduz para o núcleo, passando pelo axônio, o impulso alcança os botões terminais do axônio, onde é ativada as vesículas sinápticas, liberando neurotransmissores na fenda sináptica. Esse pequeno comentário mostra realmente que o homem é um ser pensante. Obviamente isso não seria necessário, pois todos nós sabemos que o homem é racional, e isso o diferencia dos outros animais irracionais.


Fé, segundo a Bíblia, Hebreus 11.1: Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.


Como pode razão e fé, serem dois caminhos para Deus?

Através da razão o homem pode encontrar ou obter provas da existência de Deus, entretanto Deus é infinito e o homem é finito, ou seja, o finito em demanda do infinito sempre vai estar numa distância infinita (fé). Existem vários argumentos que se propõem provar a existência de Deus, você caro leitor deve lembrar-se de alguns, quais sejam:


Há a ideia do quinque viae exposta por Tomás de Aquino:

· O argumento cosmológico.
· O argumento alicerçado da contingência ou da possibilidade.
· O argumento axiológico.
· O argumento teleológico
· O argumento da eficácia da razão


A razão humana, com sua extraordinária complexidade e com muitíssimas sutilezas e seus poderes abstratos, comprova a necessidade de admitirmos, em nossa ontologia, o Criador e Planejador desses poderes, sendo, ele mesmo, o Intelecto supremo.

Obviamente existem outros argumentos, porém a extensão do texto não nos deixa lançar mão de outros, entretanto, no transcorrer da história muitos ateus depois de uma experiência de vida, após algumas ponderações, leituras e reflexões acabaram por afirmar a existência de Deus.

Deixe-me por bondade citar um; VOLTAIRE. Deus existe, isso é um fato, os argumentos são plausíveis e a razão que Deus nos concedeu aponta para um, Criador – Deus.

Um pensamento conclusivo desse pequeno texto é; tudo o que eu posso comentar de bom sobre Deus é o que Deus é realmente, mas não o que ele é plenamente.


Fé e razão dois caminhos para Deus, porque crer é também pensar.