Razão e Fé: Uma análise introdutória

Por Luis Sergio Conterato

Razão e fé é um assunto extremamente importante para que entendamos o limite da razão e o contexto da fé, alguns pensadores afirmam categoricamente que o cristianismo esta desprovido de razão, ou seja, não é preciso pensar, raciocinar, mas somente aceitar.

De modo a iniciar esse assunto deixa-me fazer uma retrospectiva com o escopo de analisar o início da filosofia e salientar a patrística, que propõe esse assunto, de modo que os pensadores desse período queriam conciliar – fé e razão.

Uma das razões por que Tales é considerado o pai da filosofia ocidental é que ele se distanciou da mitologia e poesia tradicionais (Sproul,2002,pág. 17).Eu discordo nesse ponto com o R. C. Sproul quando ele caracteriza Tales de mileto como pai da filosofia ocidental, afirmando que ele se distanciou da mitologia, pois Tales afirmou que tudo esta cheio de deuses, lançando mão da mitologia, o período pré-socrático ainda esta com pensamentos racionais mesclado com a mitologia, era de fato um problema mítico-teológico.

A filosofia tem início propriamente dito com Sócrates, não desmerecendo o período ora citado, pois os filósofos que antecederam a Socráticos, falaram de assuntos importantes, tais como: a realidade básica. Sócrates se distanciou da mitologia, e construiu pensamentos racionais, obviamente a maioria conhece a história desse filósofo da filosofia grega clássica. Passando o período da filosofia antiga, chegamos na patrística e é esse momento que nos importa no presente texto. A filosofia patrística começa no século I e vai até ao século VII, os pensadores dessa época procuraram mecanismos para encontrar justificativas racionais para as verdades reveladas, ou seja, conciliar razão e fé. O cristianismo introduziu pensamentos que desafiam a razão como, por exemplo, o da Trindade, e isso causou um certo desconforto na mente de alguns que queriam racionalizar os dogmas da igreja, onde cabia a fé, era inserido a razão, quando digo razão, é com o escopo de proporcionar compreensão dos mistérios de Deus.

O tema que salta da filosofia patrística é exatamente o de mostrar a possibilidade ou impossibilidade de conciliar razão e fé, dentro desse contexto havia pensamentos diferentes, cada um com sua especificidade, senão vejamos:

1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio porque absurdo).

2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: “Creio para compreender”).

3. Os que julgavam razão e fé inconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

O principal representante desse período foi Aurélio Agostinho que nasceu 13 de novembro de 354 D.C. Agostinho retomou o pensamento platônico, realizando algumas adaptações, utilizando a dicotomia entre mundo sensível e mundo das idéias, afirmando que as idéias estão na mente de Deus, como modelos exemplares a partir das quais ele cria as coisas.

Nos dias hodiernos o espírito do anti-intelectualismo é corrente, multiplicam-se os pragmatistas, entretanto não podemos aposentar a nossa cabeça, precisamos mais do que nunca exercitar a nossa criticidade.Em outro momento vou discorrer mais sobre esse assunto, pois o julgo de suma importância para os cristãos e também para aqueles que querem racionalizar o cristianismo.

Concluo esse texto com a frase do Dr. John Mackay: A entrega sem reflexão é fanatismo em ação, mas a reflexão sem entrega é paralisia de toda ação.

2 comentários:

  1. Você tirou o conteúdo do livro "Iniciação à filosofia" de Marilena Chaui?

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  2. Olá, achei interessantíssimo esse post. É importante esta viabilização na plataforma digital - este texto também está no livro Fundamentos da Filosofia volume único - a fé e a razão devem ser estudadas para que possamos viver num mundo melhor, de harmonia e paz. Parabéns pelo conteúdo publicado!

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